Surgidos no início do movimento da qualidade no Japão, os Círculos de
Controle da Qualidade – CCQ são mecanismos, que podemos considerar
metodologias, que podem usar inúmeras ferramentas da qualidade para implementar
mudanças e melhorias de qualidade ainda nos dias de hoje.
Consiste na formação de pequenos grupos de colaboradores que buscam
propor melhorias nos seus respectivos setores de atuação nas empresas onde
atuam. São grupos formados por pessoal hierarquicamente atrelado à base
funcional da empresa ou organização, que executam esse trabalho
voluntariamente. Por isso mesmo, em alguns casos são chamados de times da
qualidade.
Mesmo desempenhando trabalho voluntário, devem ser formalmente
reconhecidos. No caso de organizações que possuem setores ou departamentos de
qualidade ou de controle da qualidade, os CCQs são oficializados e desempenham
papel significativo no processo.
É importante ressaltar que o CCQ é composto por colaboradores de nível
operacional, que se voluntariam para a atividade. Em alguns casos, algumas
organizações, contudo, entendem que os colaboradores em nível intermediário ou
de nível imediatamente superior devem fazer parte do CCQ obrigatoriamente, com
o intuito de facilitar a integração e interação das atividades com os níveis
gerenciais mais elevados, mas sem representar obstáculo às proposições e
trabalhos do grupo.
Para tanto, de acordo com a situação, os colaboradores que estão no CCQ devem
ser capacitados e equipados com os instrumentos que lhes permitam a aplicação
das ferramentas da qualidade, quer sejam de base estatística ou organizacional,
adequadas, principalmente ao levantamento de dados, acompanhamento e controle
da qualidade.
Dentre as ferramentas de uso mais comuns, ressaltam-se, por exemplo, o Brainstorming, Diagrama de Ishikawa, Fluxogramas,
Cartas de Controle e a Padronização. São ferramentas que, sobretudo, permitam
aos times o acompanhamento e a elaboração de sugestões de melhorias, ajustes ou
mudanças, com um impacto mais objetivo, prático e aplicado ao seu cotidiano.
A metodologia de trabalho do CCQ prevê que os grupos devem interagir de
forma livre, em ambiente ou condição diferente da rotina de trabalho, onde se
deve criar um espaço para a discussão e interação sem a interferência
hierárquica ou a pressão funcional natural das operações. Nesses ambientes se
promovem discussões e interações que permitam ao grupo medir, entender,
analisar e realizar proposições que levem aos ganhos de qualidade. Após essa
etapa, as proposições dos times são levadas aos níveis decisórios mais elevados
e as proposições de mudanças, ajustes ou alterações são referendadas,
autorizadas ou validadas.
Para tanto as interações do grupo ocorrem de forma cíclica, dependendo de
cada caso. Podem ser interações semanais, quinzenais ou mesmo mensais, sendo a
motivação do grupo uma preocupação constante.
Em muitos casos, uma mesma empresa tem grupos de operações distintas, ou
seja, o trabalho corre entre setores diferentes dessa empresa, onde o processo
envolve uma sequência de áreas, passando de um para outro, por exemplo, ou de
forma paralela, onde cada setor confecciona produtos distintos. Dessa maneira
nada mais natural que cada conjunto de atividades desempenhadas ou
desenvolvidas por um mesmo setor acolha um CCQ. Assim temos que uma mesma
organização tenha diversos times de qualidade, diversos Círculos.
No processo, considerando a sequência das operações entre setores, cada setor,
naturalmente, entende que o setor seguinte é composto por “clientes internos”,
que devem ser alvo das preocupações das questões relativas à qualidade.
Os benefícios dos CCQs são inúmeros. Podem ser sentidos pelos próprios
colaboradores, pela empresa, pelos clientes da empresa e até pela sociedade a
qual envolve a empresa, como descrito por Ishikawa.
Além das questões relativas ao trabalho em equipe e o estreitamento das
relações de trabalho, os Círculos podem ser elemento de geração de
envolvimento, satisfação e melhoria das condições de trabalho para os
colaboradores envolvidos, já que envolvem questões de participação podem gerar
aspectos de envolvimento e comprometimento com o trabalho, superando a
dedicação objetiva da condição de emprego.
Para a empresa, logicamente, os ganhos normalmente são observados na
melhoria da qualidade de produtos e serviços, redução e custos, racionalização
do trabalho e dos ganhos em produção e produtividade. Com as melhorias
identificadas e propostas pelas próprias equipes de trabalho, naturalmente as
implementações e alterações se tornam mais naturais e mais facilmente
implementadas, normalmente envolvendo mudanças que impactam nas relações de
capacidades de produção e ganhos de produtividades, alinhadas aos aspectos de
qualidade.
Para a sociedade, empresas produzindo de melhor forma, de maneira mais
sustentável e gerando produtos e serviços melhor mais bem direcionados às suas
necessidades, gera ganhos sob diversas perspectivas. Considerando que os
clientes da empresa estão sujeitos a esse mesmo grupo, normalmente, as
mudanças, ajustes e alterações de qualidade se refletem aqui, contribuindo para
melhorias e ganhos diversos.
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